
Quando Operário-MS venceu Remo-PA nos pênaltis, o futebol feminino de Mato Grosso do Sul ganhou um capítulo que jamais será esquecido. O duelo aconteceu no dia 11 de junho de 2025, às 18h, no Estádio Mangueirão, em Belém, como parte da Copa do Brasil Feminina 2025. O confronto terminou 1 a 1 no tempo regular e se decidiu nos 4 a 2 dos pênaltis, garantindo à equipe sul‑mato‑grosseense a classificação para a terceira fase.
Contexto histórico do futebol feminino em Mato Grosso do Sul
Até 2024, nenhuma equipe de MS tinha avançado além da primeira fase da Copa do Brasil Feminina. A ausência de investimentos estruturados e a falta de um campeonato estadual sólido deixavam as jogadoras à mercê de clubes amadores. O apoio da federação estadual, porém, começou a mudar o cenário quando o Operário-MS decidiu criar um programa de base em 2022, financiado parcialmente por recursos estaduais de R$ 250 mil.
Esse investimento trouxe à tona talentos como Ariane e Helô, que se tornaram referências para as jovens da região. Quando o time chegou à segunda fase em 2025, havia uma expectativa quase que palpável nas praças de Campo Grande: "É a hora da virada", dizia o presidente do clube nas redes sociais.
Detalhes da partida Operário‑MS x Remo‑PA
O primeiro tempo foi marcado por poucas finalizações, mas a defesa do Remo-PA mostrou mais segurança. Aos 38 minutos, Helô abriu o placar com um chute de fora da área que desviou no travessão e entrou pelo canto. O Operário-MS reagiu aos 57 minutos: jogada coletiva terminando em cruzamento cruzado para Ariane, que cabeceou forte para empatar.
No segundo tempo, o ritmo desacelerou. O árbitro mostrou o primeiro cartão amarelo aos 87 minutos para Helô, por reclamação exagerada. Três minutos depois, Ariane recebeu o segundo amarelo, o primeiro na competição, após uma falta dura dentro da área.
Com o empate mantido, a partida avançou para a disputa de pênaltis. O goleiro do Operário, Ana Silva, fez duas defesas decisivas. No fim, o placar foi 4 a 2 e o time saiu de Belém como heroíno da noite.
Reação do técnico e repercussão
Logo após o apito final, César Fuscão, técnico do Operário, concedeu entrevista coletiva. "A equipe mostrou que, com disciplina e coração, dá para superar adversários maiores", afirmou, destacando a importância da preparação psicológica.
A mídia local explodiu nas redes: o portal da cidade de Campo Grande divulgou a manchete "Operário-MS cria história no futebol feminino" e o Twitter trending #OperárioHeroico ganhou mais de 10 mil tweets no dia seguinte. Até o principal jornal do Pará, o "Diário de Belém", dedicou uma coluna inteira ao feito, lembrando que o clube rival, o Mixto-PB, havia sido eliminado na primeira fase.
Do ponto de vista financeiro, a vitória trouxe R$ 35 mil em premiação da segunda fase, somados aos R$ 25 mil já conquistados na fase anterior. O caixa do clube, que antes mal cobria salários, passou a ter um superavit de R$ 60 mil, suficiente para pagar bonificações às jogadoras.
Desempenho na fase seguinte e eliminação contra o Flamengo
No dia 7 de agosto de 2025, o Operário viajou ao Rio de Janeiro para enfrentar o Flamengo no Estádio Luso‑Brasileiro. A diferença de preparo técnico ficou evidente: o Flamengo, que já vinha de duas vitórias na competição, dominou o jogo, vencendo por 6 a 0.
Mesmo com a derrota, o Operário recebeu mais R$ 40 mil, elevando o total de premiações para R$ 100 mil. Porém, o impacto emocional foi significativo. No dia seguinte ao confronto, a diretoria – sem avisar a equipe – anunciou a dispensa da maioria das jogadoras e da comissão técnica, alegando dificuldades financeiras prolongadas.
A decisão gerou protestos de torcedores e de jogadoras, que organizaram um manifesto ao redor da sede do clube. "Vamos lutar por nossos direitos", dizia um dos cartazes. O Conselho Municipal de Esportes de Campo Grande ainda está avaliando se há quebra de contrato ou violação de normas trabalhistas.
Impacto financeiro e futuro do futebol feminino no estado
Com a saída do Operário do cenário nacional em 2026, resta a pergunta: quem preencherá o vácuo? A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul declarou que vai criar um campeonato estadual feminino com patrocínio da empresa de energia local, a Energisa, e estima investimento de R$ 500 mil para a temporada de 2026.
Enquanto isso, ex‑jogadoras do Operário já receberam convites de clubes de São Paulo e Minas Gerais, sugerindo que o talento não desapareceu, apenas migrou. Em entrevista à rádio local, a capitã do time, Camila Duarte, afirmou que "a experiência da Copa do Brasil abre portas, mesmo que o clube tenha fechado".
O legado do Operário‑MS, portanto, pode se medir não apenas nos R$ 100 mil arrecadados, mas na inspiração que gerou nas meninas das escolas de Campo Grande, que agora têm um modelo de sucesso para sonhar.
O que vem a seguir para o Operário‑MS?
Os próximos passos ainda são incertos. A diretoria prometeu uma reunião com investidores externos em setembro de 2025, sobretudo com o objetivo de reativar a equipe feminina para 2027. Caso a parceria não se concretize, a única alternativa pode ser a fusão com o clube Mixto‑PB, que tem estrutura de base forte.
De qualquer forma, a história da campanha de 2025 continuará sendo citada nos debates sobre apoio ao esporte feminino no interior do Brasil, servindo como prova de que, com investimento pontual, pequenos clubes podem alcançar o palco nacional.
Perguntas Frequentes
Qual foi o principal motivo da decisão de encerrar o futebol feminino do Operário‑MS?
A diretoria alegou falta de recursos financeiros sustentáveis para manter salários, treinamento e deslocamentos. Apesar da premiação de R$ 100 mil, os custos operacionais superaram a receita, e a ausência de patrocínio de longo prazo tornou inviável a manutenção do elenco.
Como a campanha do Operário‑MS pode influenciar o futuro do futebol feminino em MS?
O sucesso na Copa do Brasil mostrou que o talento existe no estado, o que pode incentivar federais e empresas a investirem em um campeonato estadual feminino. A visibilidade também aumenta a demanda por categorias de base, impulsionando programas de formação.
Quantos recursos o Operário‑MS recebeu ao longo da Copa do Brasil Feminina 2025?
O clube acumulou R$ 35 mil na segunda fase, R$ 40 mil na terceira fase e já havia recebido R$ 25 mil na primeira fase, totalizando R$ 100 mil em premiações até a eliminação pelo Flamengo.
Quem foram os jogadores que se destacaram e foram contratados por outros clubes?
Entre as atletas mais cobiçadas estão a atacante Ariane, que assinou com o Santos FC, e a lateral Camila Duarte, que recebeu proposta do São Paulo FC. Ambas citam a experiência na Copa como diferencial.
Existem 1 Comentários
Hilda Brito
Não é porque ganharam nos pênaltis que o Operário virou um case de sucesso. O dinheiro nunca vai compensar a falta de estrutura. Só mais um exemplo de clube que tenta vender mito.
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