
Quando Donald Trump anunciou a primeira fase de um plano de paz entre Israel e o Hamas, o mundo respirou aliviado, mas ainda com dúvidas. Na madrugada de domingo, 12 de outubro de 2025, centenas de caminhões começaram a atravessar a fronteira Rafah, no sul de Egito, levando alimentos, medicamentos e cobertores para a Faixa de Gaza. A operação foi autorizada depois que o Hamas confirmou que soltaria os últimos reféns israelenses até a manhã de segunda‑feira, 13 de outubro.
Contexto histórico do conflito
Desde o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1.200 mortos e 251 israelenses em cativeiro, a região vive um ciclo de violência implacável. O Ministério da Saúde de Gaza, cuja credibilidade é reconhecida pela Nações Unidas, estima que mais de 67.000 palestinos morreram e 170.000 ficaram feridos nas duas décadas de guerra. Cerca de 2 milhões de habitantes — 90% da população — foram deslocados em diferentes momentos, vivendo em abrigos improvisados ou sub‑solo.
Novo cessar‑fogo e liberação de reféns
O acordo, firmado na tarde de sexta‑feira, 10 de outubro, entrou em vigor às 18h00 UTC. Ele foi intermediado por Egito, Qatar, Estados Unidos e Turquia. Segundo o Israel Katz, ministro da Defesa de Israel, o maior desafio agora será "destruir todos os túneis terroristas do Hamas" assim que o cessar‑fogo for consolidado.
Em post no X, Katz escreveu: "Instruí as Forças de Defesa de Israel a se prepararem para executar a missão, com apoio logístico dos Estados Unidos". A declaração gerou preocupação entre organizações humanitárias, que temem que operações contra túneis voltem a bloquear rotas de ajuda.

Logística da ajuda: caminhões, rotas e inspeções
O plano prevê a entrada de cerca de 600 caminhões por dia, todos inspecionados pelas forças israelenses antes de cruzarem os pontos de passagem de Kerem Shalom e Al Awja. Até o momento, dezenas de veículos foram autorizados a atravessar a fronteira de Rafah, trazendo suprimentos médicos, tendas, cobertores, alimentos enlatados e combustível.
- Alimentos: farinha de trigo, arroz, pacotes de 5 kg.
- Medicamentos: antibióticos, analgésicos, kits de primeiros socorros.
- Materiais de abrigo: tendas de lona, colchões infláveis.
- Combustível: diesel para geradores de hospitais.
O Crescente Vermelho Egípcio informou que os caminhões ainda enfrentam atrasos nas inspeções e que alguns carregamentos já foram devolvidos por faltarem a documentação exigida por Israel.
Reações de atores regionais e internacionais
Enquanto Donald Trump tem defendido a iniciativa como "um passo histórico para a estabilidade no Oriente Médio", a comunidade internacional permanece cautelosa. O secretário‑geral da Nações Unidas, António Guterres, descreveu o cessar‑fogo como "uma janela de oportunidade que não pode ser desperdiçada".
Organizações de direitos humanos, como Anistia Internacional, alertaram que a presença militar israelense nas rotas de ajuda pode aumentar o risco de incidentes. "Qualquer violação de inspeção deve ser investigada independentemente da origem", afirmou a porta‑voz da ONG.

Impacto humanitário e desafios futuros
Os números são alarmantes. Desde 18 de março de 2025, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas para o Território Palestino Ocupado (OCHA oPt) registrou 1 516 mortes e mais de 10 000 feridos entre civis que tentaram acessar pontos de distribuição de comida.
Além disso, apenas 20% da ajuda necessária foi entregue nos últimos meses, porque as rotas foram saqueadas, bombardeadas ou simplesmente bloqueadas. Em comparação, em abril de 2025 eram preparadas mais de um milhão de refeições diárias; hoje esse número caiu para pouco mais de 250 000.
Especialistas em logística humanitária apontam que, para que o plano de 600 caminhões diários seja efetivo, será preciso garantir corredores seguros, acelerar inspeções e, sobretudo, evitar novos confrontos nas áreas de desembarque.
O futuro imediato dependerá de duas variáveis críticas: (1) a capacidade de Israel Katz em conduzir operações contra túneis sem interromper o fluxo de ajuda, e (2) a disposição do Hamas em cumprir a liberação dos reféns e cessar qualquer ataque que possa desencadear retaliações militares.
Perguntas Frequentes
Como o cessar‑fogo afeta a população civil de Gaza?
O acordo permite a entrada de cerca de 600 caminhões de ajuda por dia, o que deve reduzir a fome e a falta de medicamentos. Porém, a continuidade depende de inspeções rápidas e da ausência de novos bombardeios que possam destruir os centros de distribuição.
Qual é o papel dos Estados Unidos no plano de paz?
Os EUA, por meio do ex‑presidente Donald Trump, mediaram as negociações entre Israel e Hamas e prometeram apoio logístico e de inteligência à Israel Katz para a destruição dos túneis, ao mesmo tempo que pressionam por liberdade de passagem da ajuda.
Por que tantas ajudas são saqueadas antes de chegar às pessoas?
A escassez extrema gerou tumultos nas filas de distribuição; grupos armados e população faminta frequentemente invadem os caminhões. A falta de segurança nas rotas, combinada com a ausência de autoridades neutras, facilita o saque.
Qual a estimativa de vítimas até agora, segundo as autoridades de Gaza?
O Ministério da Saúde de Gaza registra mais de 67 000 mortos e 170 000 feridos desde outubro de 2023, além de mais de 1 500 civis mortos entre 27 de maio e 4 de agosto de 2025 ao tentar acessar alimentos.
O que pode acontecer se o cessar‑fogo falhar?
Um colapso na entrega de ajuda poderia levar a uma nova onda de fome e doenças, aumentando a pressão internacional. Também aumentaria a probabilidade de nova ofensiva militar, o que agravaria ainda mais a crise humanitária.
Existem 4 Comentários
Raphael Mauricio
Finalmente algo de esperança chega a Gaza.
Heitor Martins
Ah, claro, porque 600 caminhões por dia vão resolver tudo, né? Só falta o buffet de pizza pra completar a festa.
Anderson Rocha
Enquanto a imprensa foca nos números, esquecemos o barulho das bombas ainda ecoando nas noites de Rafá.
Vania Rodrigues
Não acredito que alguém ainda defenda a presença israelense nas inspeções; isso só alimenta o terrorismo! 😡
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